O menino de Currais Novos que hoje é dono da Cortez Editora/SP
Élida Mercês - Repórter (elidamerces@oi.com.br)
Quando perguntamos aos brasileiros quem são as pessoas que eles têm como referência e exemplo é preciso esperar um pouco para que o interlocutor possa pensar, até encontrar a resposta. Diferente do que aconteceu em décadas anteriores, quando as pessoas que ocupavam cargos eletivos, intelectuais ou artistas exerciam forte influência sobre a sociedade. Ressaltando que esta acontecia de maneira positiva.
A falta dessa referência não significa que no país não existam pessoas com histórias de vida idênticas a um roteiro de cinema, capazes de motivar qualquer um a correr atrás de seus objetivos sem esquecer, os cada vez mais esquecidos, valores humanos.
É claro que o momento é outro, mas a luta que unia as mais diversas classes sociais no período de vigência do regime militar no Brasil, chega até a parecer que foi em outro lugar do mundo. O senso comum sabe que o brasileiro não tem memória e, portanto, sobre aquele período marcado por ícones nacionais, quase nada conhece.
Diferente daquele momento histórico, o que une a população nos dias de hoje é a descrença na classe política e a falta de conhecimento do que é produzido nos mais diversos lugares do país. Prova disso é a volta de políticos como Fernando Collor de Melo à cargos eletivos, mesmo ele tendo sido tirado pelo próprio povo, quando era Presidente da República. Esquecimento ou falta de compromisso?
Seja lá qual for a sua resposta, o fato é que ainda existem aqueles que se preocupam com os valores da sociedade, como educação e saúde, e também os que batalham para divulgar essas iniciativas, com o objetivo de preencher essa lacuna. A tentativa é de retomada da consciência da responsabilidade sobre a própria vida e evitar que os produtos comerciais, mesmo de qualidade duvidosa e vida efêmera, preencham esse vazio.
Com o objetivo de tornar pública a história do nordestino José Xavier Cortez, da editora Cortez de São Paulo, o diretor e roteirista Wagner Bezerra, está captando recursos para começar a gravar o documentário intitulado como "O semeador de livros", que tem lançamento previsto para dezembro deste ano. "As pessoas vão conhecer um exemplo de vida positivo que, com certeza, vai causar impacto positivo em todos aqueles que o assistirem", afirma Wagner Bezerra.
A falta dessa referência não significa que no país não existam pessoas com histórias de vida idênticas a um roteiro de cinema, capazes de motivar qualquer um a correr atrás de seus objetivos sem esquecer, os cada vez mais esquecidos, valores humanos.
É claro que o momento é outro, mas a luta que unia as mais diversas classes sociais no período de vigência do regime militar no Brasil, chega até a parecer que foi em outro lugar do mundo. O senso comum sabe que o brasileiro não tem memória e, portanto, sobre aquele período marcado por ícones nacionais, quase nada conhece.
Diferente daquele momento histórico, o que une a população nos dias de hoje é a descrença na classe política e a falta de conhecimento do que é produzido nos mais diversos lugares do país. Prova disso é a volta de políticos como Fernando Collor de Melo à cargos eletivos, mesmo ele tendo sido tirado pelo próprio povo, quando era Presidente da República. Esquecimento ou falta de compromisso?
Seja lá qual for a sua resposta, o fato é que ainda existem aqueles que se preocupam com os valores da sociedade, como educação e saúde, e também os que batalham para divulgar essas iniciativas, com o objetivo de preencher essa lacuna. A tentativa é de retomada da consciência da responsabilidade sobre a própria vida e evitar que os produtos comerciais, mesmo de qualidade duvidosa e vida efêmera, preencham esse vazio.
Com o objetivo de tornar pública a história do nordestino José Xavier Cortez, da editora Cortez de São Paulo, o diretor e roteirista Wagner Bezerra, está captando recursos para começar a gravar o documentário intitulado como "O semeador de livros", que tem lançamento previsto para dezembro deste ano. "As pessoas vão conhecer um exemplo de vida positivo que, com certeza, vai causar impacto positivo em todos aqueles que o assistirem", afirma Wagner Bezerra.
Cortez Editora/SP
Não podemos afirmar que toda história de vida dá um bom roteiro de cinema. Mas esta afirmativa se encaixa no cotidiano daquele menino, natural de Currais Novos, no interior do Rio Grande do Norte, deixou o sítio da família, a cerca de 20 quilômetros da cidade, para conhecer o mundo em busca de melhores condições.
Segundo Wagner Bezerra, José Cortez é de uma família composta por 18 irmãos e que vivi da agricultura de subsistência. Por causa disso, desde os 5 anos ele trabalhava no roçado, puxando capineira e preparando a terra. "A trajetória de José Xavier Cortez remonta a lógica da migração dos nordestinos rumo aos grandes centros urbanos", revela.
O roteirista ressalta que a história da vida do editor demonstra quanto os nordestinos, segundo ele, são criativos. "Ele tem a capacidade de transformar as dificuldades em soluções através da criatividade e da simplicidade, algumas das características marcantes do nordestino", afirma Wagner Bezerra.
O roteirista revela que José Xavier Cortez saiu de Currais Novos aos 18 anos e veio par a Natal. Morando na casa de parentes, Cortez vendia frutas nas ruas para conseguir se manter. "Morar na capital foi a porta que ele encontrou para sair da realidade do agreste. Cortez buscava novas possibilidades e encontrou. Ingressou na Marinha como aprendiz de marinheiro, em 1955, em Pernambuco. Depois de um ano de curso, ele foi para o Rio de Janeiro, onde ficou até os 25 anos", conta Wagner Bezerra.
Já como Cabo - maquinista da Marinha, José Xavier Cortez se sentia incomodado pelas diferenças de oportunidades oferecidas ao oficialato e aos marinhos. "A questão da hierarquia fazia com que os marinheiros tratados como cidadãos de segunda classe. Tanto que quando o navio aportava, os oficiais eram autorizados a passear pela cidade, enquanto que os marinheiros não podiam sair da embarcação. Em alguns casos, eram autorizados a freqüentar prostíbulos e bares. Cortez não aceitava essa situação e a indignação o levou a se engajar na conhecida 'Revolta dos Marinheiros` que aconteceu época de pré-resitência ao Golpe Militar", diz o diretor e roteirista.
O envolvimento de José Xavier Cortez com o movimento político contra a ditadura militar o levou a ser caçado e expulso da Marinha, em 1965. "Depois de ter sido expulso, Cortez vai do RJ para São Paulo para dar continuidade à vida como todo imigrante nordestino que busca vencer na vida. Em SP, trabalhou como lavador de carros em estacionamentos e depois como manobrista. Nesse momento passou a se relacionar com os freqüentadores até conquistar seu primeiro emprego de carteira assinada. Aproveitou para terminar o científico e tentou vestibular para Economia, na PUC de Campinas. Como não tinha dinheiro para pagar o curso, começou a vender livros para os universitários", afirma Wagner Bezerra.
Não podemos afirmar que toda história de vida dá um bom roteiro de cinema. Mas esta afirmativa se encaixa no cotidiano daquele menino, natural de Currais Novos, no interior do Rio Grande do Norte, deixou o sítio da família, a cerca de 20 quilômetros da cidade, para conhecer o mundo em busca de melhores condições.
Segundo Wagner Bezerra, José Cortez é de uma família composta por 18 irmãos e que vivi da agricultura de subsistência. Por causa disso, desde os 5 anos ele trabalhava no roçado, puxando capineira e preparando a terra. "A trajetória de José Xavier Cortez remonta a lógica da migração dos nordestinos rumo aos grandes centros urbanos", revela.
O roteirista ressalta que a história da vida do editor demonstra quanto os nordestinos, segundo ele, são criativos. "Ele tem a capacidade de transformar as dificuldades em soluções através da criatividade e da simplicidade, algumas das características marcantes do nordestino", afirma Wagner Bezerra.
O roteirista revela que José Xavier Cortez saiu de Currais Novos aos 18 anos e veio par a Natal. Morando na casa de parentes, Cortez vendia frutas nas ruas para conseguir se manter. "Morar na capital foi a porta que ele encontrou para sair da realidade do agreste. Cortez buscava novas possibilidades e encontrou. Ingressou na Marinha como aprendiz de marinheiro, em 1955, em Pernambuco. Depois de um ano de curso, ele foi para o Rio de Janeiro, onde ficou até os 25 anos", conta Wagner Bezerra.
Já como Cabo - maquinista da Marinha, José Xavier Cortez se sentia incomodado pelas diferenças de oportunidades oferecidas ao oficialato e aos marinhos. "A questão da hierarquia fazia com que os marinheiros tratados como cidadãos de segunda classe. Tanto que quando o navio aportava, os oficiais eram autorizados a passear pela cidade, enquanto que os marinheiros não podiam sair da embarcação. Em alguns casos, eram autorizados a freqüentar prostíbulos e bares. Cortez não aceitava essa situação e a indignação o levou a se engajar na conhecida 'Revolta dos Marinheiros` que aconteceu época de pré-resitência ao Golpe Militar", diz o diretor e roteirista.
O envolvimento de José Xavier Cortez com o movimento político contra a ditadura militar o levou a ser caçado e expulso da Marinha, em 1965. "Depois de ter sido expulso, Cortez vai do RJ para São Paulo para dar continuidade à vida como todo imigrante nordestino que busca vencer na vida. Em SP, trabalhou como lavador de carros em estacionamentos e depois como manobrista. Nesse momento passou a se relacionar com os freqüentadores até conquistar seu primeiro emprego de carteira assinada. Aproveitou para terminar o científico e tentou vestibular para Economia, na PUC de Campinas. Como não tinha dinheiro para pagar o curso, começou a vender livros para os universitários", afirma Wagner Bezerra.
Livros
Enquanto estudante universitário, explica Wagner Bezerra, José Xavier Cortez mantinha contato com as editora e vendia os livros para os demais alunos da PUC. "Ele se transformou em livreiro. Já se identificava com os livros, tanto que durante a ditadura militar, era ele quem conseguia para os intelectuais os livros proibidos pelo núcleo do sistema instalado na universidade. Cortez conviveu com grandes nomes da nossa história, como Paulo Freire, de quem se tornou amigo, confidente e editor. O fato é que era Cortez quem alimentava os alunos de graduação e pós-graduação com os livros permitidos e proibidos, como Marx", ressalta.
Depois de se tornar livreiro, José Xavier Cortez se associa à uma pequena editora e começou a publicar. "Foi assim que nasceu a Cortez Editora que tece como primeiro sucesso editorial o livro 'Metodologia do Trabalho Científico', de Antônio Joaquim Severino, que vende mais de 15 mil livros por ano. O projeto editorial se tornou um sucesso e, em cerca de 10 anos, referência nas ciências humanas", diz Wagner Bezerra.
A partir da década de 80 a Cortez editora se torna conhecida internacionalmente pela difusão e promoção de áreas como Filosofia, Educação e Serviço Social, e do incentivo ao uso do livro como instrumento. "Pela sua atuação e história de vida, Cortez recebeu, em abril de 2005, o título de cidadão paulistano. A homenagem ressalta a importância de seu trabalho e o fato de representar o nordestino que busca a realização de seus sonhos na paulicéia desvairada", enfatiza o diretor e roteirista.
Enquanto estudante universitário, explica Wagner Bezerra, José Xavier Cortez mantinha contato com as editora e vendia os livros para os demais alunos da PUC. "Ele se transformou em livreiro. Já se identificava com os livros, tanto que durante a ditadura militar, era ele quem conseguia para os intelectuais os livros proibidos pelo núcleo do sistema instalado na universidade. Cortez conviveu com grandes nomes da nossa história, como Paulo Freire, de quem se tornou amigo, confidente e editor. O fato é que era Cortez quem alimentava os alunos de graduação e pós-graduação com os livros permitidos e proibidos, como Marx", ressalta.
Depois de se tornar livreiro, José Xavier Cortez se associa à uma pequena editora e começou a publicar. "Foi assim que nasceu a Cortez Editora que tece como primeiro sucesso editorial o livro 'Metodologia do Trabalho Científico', de Antônio Joaquim Severino, que vende mais de 15 mil livros por ano. O projeto editorial se tornou um sucesso e, em cerca de 10 anos, referência nas ciências humanas", diz Wagner Bezerra.
A partir da década de 80 a Cortez editora se torna conhecida internacionalmente pela difusão e promoção de áreas como Filosofia, Educação e Serviço Social, e do incentivo ao uso do livro como instrumento. "Pela sua atuação e história de vida, Cortez recebeu, em abril de 2005, o título de cidadão paulistano. A homenagem ressalta a importância de seu trabalho e o fato de representar o nordestino que busca a realização de seus sonhos na paulicéia desvairada", enfatiza o diretor e roteirista.
Audácia
A criatividade e a simplicidade são características sempre presentes na vida de José Xavier Cortez. Wagner Bezerra observa que não importa o tamanho da adversidade, esses elementos estão sempre presentes, e serão retratados no documentário "O semeador de livros". "Momentos curiosos da vida do editor serão contadas no documentário, como o dia em que a sede da editora estava sofrendo um assalto e mesmo com todos os bandidos com arma em punho, Cortez olhou para o chefe do grupo e disse que não tinha a senha do cofre, mas que daria para ele livros infantis para que o filho do bandido não tivesse o mesmo futuro do pai. Depois de dizer isso, Cortez deu às costas para o grupo, pegou a coleção de livros infantis e entregou ao bandido que pegou os livros, recolheu os comparsas e foi embora. Os que estavam lá, dizem que o bandido saiu com lágrimas nos olhos", afirma Wagner Bezerra.
Segundo Wagner Bezerra, José Xavier Cortez vê nos livros a oportunidade de mudar o homem. "O livro cumpre o seu papel e o editor é um incentivador desse processo. A trajetória dele é um exemplo disso que, mesmo tendo conquistado o sucesso, mantém a simplicidade visto que suas paixões se resumem à família e ao forró, que o acompanha desde a infância e o mantém próximo de suas raízes", comenta.
O diretor revela que conhece o editor há anos e que narrar a historia da vida do fundador da Cortez Editora/SP é uma oportunidade de valorizar a atuação de pessoas que são um exemplo. "Este trabalho vem em um momento interessante porque o país vive um momento delicado pela falta de referências positivas, especialmente, em relação à juventude. Cortez é um exemplo que cativa e tem um impacto positivo sobre a sociedade. A idéia é transformar esta história em um documentário para TV, com cerca de 30 a 35 minutos para que seja veiculado nacionalmente pelas TV educativas, além de ser doado para bibliotecas, escolas públicas e privadas para atingir o maior número de pessoas".
O diretor de "O semeador de livros" está buscando patrocínio do governo e de empresários para conseguir cumprir as metas e viabilizar a produção do vídeo. Locações em Currais Novos estão incluídas no planejamento da obra.
Mais informações sobre o documentário e cotas de patrocínio através dos números (62) 9611-0277, (21) 9145-9747 e wagnerbezerra@cienciaearte.com.br.
A criatividade e a simplicidade são características sempre presentes na vida de José Xavier Cortez. Wagner Bezerra observa que não importa o tamanho da adversidade, esses elementos estão sempre presentes, e serão retratados no documentário "O semeador de livros". "Momentos curiosos da vida do editor serão contadas no documentário, como o dia em que a sede da editora estava sofrendo um assalto e mesmo com todos os bandidos com arma em punho, Cortez olhou para o chefe do grupo e disse que não tinha a senha do cofre, mas que daria para ele livros infantis para que o filho do bandido não tivesse o mesmo futuro do pai. Depois de dizer isso, Cortez deu às costas para o grupo, pegou a coleção de livros infantis e entregou ao bandido que pegou os livros, recolheu os comparsas e foi embora. Os que estavam lá, dizem que o bandido saiu com lágrimas nos olhos", afirma Wagner Bezerra.
Segundo Wagner Bezerra, José Xavier Cortez vê nos livros a oportunidade de mudar o homem. "O livro cumpre o seu papel e o editor é um incentivador desse processo. A trajetória dele é um exemplo disso que, mesmo tendo conquistado o sucesso, mantém a simplicidade visto que suas paixões se resumem à família e ao forró, que o acompanha desde a infância e o mantém próximo de suas raízes", comenta.
O diretor revela que conhece o editor há anos e que narrar a historia da vida do fundador da Cortez Editora/SP é uma oportunidade de valorizar a atuação de pessoas que são um exemplo. "Este trabalho vem em um momento interessante porque o país vive um momento delicado pela falta de referências positivas, especialmente, em relação à juventude. Cortez é um exemplo que cativa e tem um impacto positivo sobre a sociedade. A idéia é transformar esta história em um documentário para TV, com cerca de 30 a 35 minutos para que seja veiculado nacionalmente pelas TV educativas, além de ser doado para bibliotecas, escolas públicas e privadas para atingir o maior número de pessoas".
O diretor de "O semeador de livros" está buscando patrocínio do governo e de empresários para conseguir cumprir as metas e viabilizar a produção do vídeo. Locações em Currais Novos estão incluídas no planejamento da obra.
Mais informações sobre o documentário e cotas de patrocínio através dos números (62) 9611-0277, (21) 9145-9747 e wagnerbezerra@cienciaearte.com.br.
LEIA NA FONTE :http://www.livrariacortez.com.br/noticias_005.php
O documentário “O Semeador de Livros”, que narra a história do editor José Xavier Cortez, será apresentado, em Van Premier, durante a festa de comemoração de 30 anos da Cortez Editora e Livraria, que acontecerá em 1º de março a partir 19 horas no Tuca – Teatro da Universidade Católica de São Paulo/SP. O documentário — que narra a saga do livreiro, que hoje é referencia no setor, por suas conquistas, respeito e dedicação ao mor aos livros e a pluralização de conhecimento — tem direção de Wagner Bezerra que divide o roteiro com Heloisa Dias Bezerra, da Ciência & Arte Comunicação.
Comentários
Postar um comentário