O
Brasil ostenta ser possuidor de 12% da reserva de água doce do mundo, contudo é um dos países que mais desperdiça água. Estudos recentes apontam que a escassez de água afetará drasticamente 40% da população da terra em 10 anos.
É mais importante saber usar a gota d´água disponível do que ostentar sua abundância. Aldo Rebouças - (Hidrólogo da USP).
É mais importante saber usar a gota d´água disponível do que ostentar sua abundância. Aldo Rebouças - (Hidrólogo da USP).
A Região do Semiárido e o Norte de Minas Gerais, são áreas que sofrem com longas estiagens e a má distribuição de água.
Uma em cada três pessoas no mundo – cerca de 2,4 bilhões de indivíduos – ainda não têm acesso a serviços de saneamento básico e água potável. |
Um panorama da ocupação dos sertões, as secas e suas consequências
A ocupação dos sertões foi
bastante retardada em decorrência, principalmente, das secas. Contudo, após uma
carta régia, os criadores de gado tiveram que adentrar os sertões. De 1845 a
1876, aconteceram 32 anos sem secas intensas, que resultaram no aumento das
populações e dos rebanhos sem o aumento da infra-estrutura hídrica. Veio,
então, uma seca intensa e duradoura de 1877 a 1879, que resultou em trágica
mortandade da região com estimativa de cerca de 500.000 óbitos. Foi a partir
desse choque que atingiu a sociedade brasileira que começou uma busca de soluções
estruturais (Campos & Studart 1997). Foi nessa seca, que se atribui a Dom
Pedro II a frase: “venderei a última pedra da minha coroa antes que um
nordestino venha a morrer de fome”.
De qualquer maneira, foi a
partir dessa tragédia que ações mais efetivas, ainda em ritmo lento, começaram
a ser tomadas. O açude Cedro no Ceará, hoje um monumento histórico de baixa
capacidade hidrológica, foi iniciado ainda na época do Império.
Fonte do artigo
(http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-811.pdf).
A realidade dos sertões não mudou muito desde os
tempos do império, de fato grandes reservatórios até foram construídos em algumas cidades
do Semiárido, contudo, secaram com a seca dos últimos 5 anos, e se acentuou o problema do
acesso a água no Semiárido brasileiro.
No Sertão do Moxotó, área que
já sofre os efeitos da desertificação, a solução encontrada foi a perfuração de
poços para que as pessoas tivessem acesso ao bem mais precioso da terra, a água!
O trabalho social de perfuração
de poços realizado pela ONG Pão é Vida, (iniciativa do casal, Ronaldo e Joana D´arc), apoiada por seus parceiros está possibilitando o acesso a água limpa gratuita para famílias carentes. Soluções para o desenvolvimento local que brotam no coração do Semiárido.
COMO POSSO AJUDAR NO AVANÇO DESSES PROJETOS?
Há várias maneiras de ajudar no avanço dos projetos e programas que a ONG Pão é Vida desenvolve. Sendo voluntário nas atividades realizadas, ou sendo um associado-mantenedor enviando uma contribuição financeira.
Solicite um termo de adesão para contribuir financeiramente como associado, a partir de R$ 50,00 mensais, você estará contribuindo com as ações e projetos. Você receberá um informativo trimestral das atividades.
Solicite um termo de adesão pelo e-mail: ongpaoevida@gmail.com, ou fale conosco pelos fones(81) 99278 9315 (claro) Whats App (81) 997520140 (tim).
Jovem mãe com seu filhos levando água de um dos pontos de distribuição de água. |
Em 2015 mais um poço foi perfurado, desta vez no Sítio Kizanga, onde há livre acesso a água. |
Mulher sertaneja transportando água para o seu lar. |
SECA DE 1976 - FOTO AGENCIA O GLOBO |
A SECA DO CEARÁ...
CRONOLOGIA:
CRONOLOGIA:
1605 - Pero Coelho se retira da Ibiapaba depois de perder seus bens e dois filhos vitimas da seca
1614 - A segunda seca que se tem conhecimento na história do Ceará
1645 - Sem referências
1663 a 1664 - A seca acabou com tudo, levou a população a fome extrema obrigando-os a comer qualquer coisa que matasse a fome.
1663 a 1664 - A seca acabou com tudo, levou a população a fome extrema obrigando-os a comer qualquer coisa que matasse a fome.
1692 - Grande seca nos estados de Ceará, Piaui e Maranhão - Os índios invadiam as fazendas devastando tudo
1711 - Sem referências
1721 a 1725 - Morreu quase todo o gado das fazenda que também não prodiziram gêneros suficientes para alimentar a população que fugiu para a Ibiapaba e outras serras
1736 a 1737 - Sem referências
1745 a 1746 - Para sobreviverem, os índios caçavam o gados das fazendas, o governo formou "bandos" para extermina-los
1754 - Sem referências
1760 - A farinha e a carne alcançaram preços altíssimos
1766 - Êxodo para as serras e a formação de "bandos" que roubavam e matavam
1772 - Mais uma vez a seca atingiu a criação de gado
1777 a 1778 - A seca acabou com a criação de gado, que ficou reduzida a 1/8 do total, comercio de charque reduziu significativamente, sendo praticamente extinto.
1790 a 1793 - Considerada a maior seca do século XVIII. As águas desapareceram completamente, morreram o gado, os vaqueiros, os fazendeiros, os animais domésticos e selvagens. As estradas estavam cheias de cadáveres, famílias inteiras mortas de fome e sede. A população fugia do interior para os povoados do litoral e ali, eram dizimados pela peste. Pobres e ricos, igualmente, foram reduzidos a miseráveis. Consumidos pela fome, as pessoas se alimentavam de animais que jamais foram alimento humano, como corvos, carcarás, cobras, ratos, couro de bois, xique-xique, mandacaru e mandioca brava.
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MORTOS DA SECA DE 1932 |
Entre 1614 e 1692, se passam 78 anos sem que se tenha registros escritos sobre a seca, o que não quer dizer que não aconteceram.
Durante o século XVII, os fortins fundados próximo ao litoral eram os únicos pontos de referencia para o navegante. Os quarenta anos da conquista holandeza levou as famílias residentes no Maranhão a fugir para o litoral e o interior cearense e se fixaram na ribeira do rio Jaguaribe e do rio Acaraú. O rio do peixe em Aquiraz, foi ocupado pelos sertanistas da Paraiba. Começava aí, a saga do sertanejo cearense com a seca.
As fazendas que se formavam, serviam de pouso aos viajantes e as populações mestiças cresciam em torno das fazendas, de onde nasceram os povoados que se transformaram em vilas e cidades.
As últimas décadas do século XVII foram cheias de lutas pela posse de terras entre colonizadores e índios. Venceram os senhores coloniais, os indios perderam suas terras e os religiosos, o predomínio das aldeias.
Com o rigor das secas que causou a escassez de caça, os indios começaram a atacar o gado solto no campo, pois como não possuíam o senso de propriedade, entendiam que o gado solto era propriedade comum a todos os indivíduos da tribo.
Os relatos oficiais só se referem as secas depois que a população branca penetra nos sertões e os fazendeiros pedem ao rei o envio de novos escravos, pois os existentes haviam morrido de fome (1723 a 1729), os engenhos estavam em ruínas, pois o branco, proprietário português, não se dedicava ao trabalho braçal, por achar isso, um sinal de inferioridade.
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JORNAL DO BRASIL - 1983 |
Em 1766 o governo expediu ordem régia para que vadios e facínoras que viviam a vagabundar pela capitania e usavam a seca como desculpa para roubar e matar, se ajuntassem em povoações, repartindo entre eles, em justa proporção, as terras adjacentes, sob pena de serem considerados ladrões e inimigos da província, e como tais, punidos severamente. Em consequência dessa ordem, foram criadas as vilas de Sobral, São Bernardo de Russas, São João do Príncipe (Tauá) e Quixeramobim. Conclui-se que não era pequeno o número de vagabundos que viviam no interior. As vilas foram estrategicamente criadas à margem dos rios.
Em 1782, de acordo com informações do Cap. Gal. João Cesar de Menezes, então governador de Pernambuco, o Ceará tinha 61.408 pessoas afetadas pela seca, distribuidas em 972 fazendas e 87 engenhos. Na região do cariri, as fazendas se localizavam na ribeira do rio Icó, com 157 fazendas, e no Inhamuns, com 138 fazendas. Na cidade se Sobral até Acaraú, eram 105 fazendas.
1824 a 1825 - Houve uma tríplice calamidade: seca e fome, guerra civil (cisplatina) e a peste de varíola. Nesse ano observou-se um fenômeno botânico, o juazeiro destilava mel de suas folhas, em tal quantidade, que dava para alimentar a população faminta. A administração pública nada fez para diminuir a desgraça do povo. Bandos armados se apoderavam das propriedades alheias, como em pleno comunismo. Os corpos dos falecidos iam ficando pelas estradas, praças, campos e ruas, sem serem sepultados, o governo mandou abrir uma vala e lá iam jogando os corpos recolhidos das ruas. Alheio a todas as súplicas, Conrado Jacob de Niemeyer, recrutou milhares de sertanejos para a guerra da cisplatina. 2.150 pessoas embarcaram em navios, desses, 412 morreram de varíola ainda nos navios, 314 foram internados em hospitais e o restante, quase todo, morreu por causa dos ferimentos de guerra ou de frio.
1844 a 1846 - A população faminta comia vegetais agrestes e sem nutrientes, e muitas vezes nocivos. Os homicídios aumentaram consideravelmente, ocasionados quase sempre, por questões de alimentos. Não achando mais o que comer, os sertanejos retiraram-se para o Cariri, as terras mais úmidas da província. A caridade da população não supria as necessidades de todos os famintos. O governo, aguardando ordens do ministério, demova demais para atender a população, que morria cada vez mais de fome e sede. As mulheres famintas, de entregaram a prostituição para receberem algum meio de sobrevivência.
1877 a 1878 - Houve uma grande seca depois de 32 anos de inverno, o governo socorreu a população criando frentes de trabalhos, a fome e a varíola mataram muitas pessoas. Os alimentos atingiram o quadruplo do preço. As estradas encheram-se de retirantes que rumavam para o litoral. A província do ceará perdeu 1/3 da população, pelo êxodo ou pela morte. A agricultura desapareceu.
1888 a 1889 - Houve uma grande seca que causou a morte de quase todo o gado e de pessoas, muitos consideraram maior que a seca de 1877, o governo nada fez para ajudar a população.
1915 - A seca desse ano foi o cenário para o livro "O Quinze", de Raquel de Queiroz, bem com para a implantação do primeiro campo de concentração no bairro Alagadiço, em Fortaleza.
O declínio da pecuária aconteceu a partir de 1920 em conseqüência das grandes secas dos séculos XIX e XX.
1932 a 1933 - Durante essa seca, Lampião e seu bando centralizavam as atenções dos políticos. Padre Cícero tinha influência política e milagrosa para os sertanejos, a irmandade do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto atraia centenas de flagelados para os arredores de Crato.
1958 - A grande seca de 1958 expôs a calamidade da região, o governo teve que atender com obras emergenciais a mais de 500 mil pessoas. Escândalos e a indústria da seca vieram à tona.
Referências: História das secas - Séculos XVII a XIX, Joaquim Alves, 2003, Biblioteca Básica Cearense - Fundação Waldemar Alcântara / Notas Cronológicas de Canindé - Revista do Instituto do Ceará / Evolução histórica cearense, Raimundo Girão, 1986
Fonte: http://coisadecearense.blogspot.com.br/2012/07/seca-no-ceara-ate-o-seculo-xix.html
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